02/05/2014 18h05 - Atualizado em 02/05/2014 18h05
Por Eugênio Stefanelo
Durante os meses de dezembro de 2013 e janeiro e fevereiro deste ano as precipitações ficaram abaixo da média em praticamente todas as regiões do Paraná. Também foram irregulares, favorecendo as culturas de verão nas áreas onde ocorreram e provocando queda na produtividade da soja e do milho nas lavouras onde não se verificaram em volume suficiente. Da mesma forma as temperaturas acima da média aumentaram a evapotranspiração e a perda de umidade do solo. Esta combinação de fatores climáticos causou redução da produção da primeira safra de soja e de milho e retardou o plantio da segunda safra do milho e do feijão.
As precipitações retornaram ao normal a partir do último decêndio de fevereiro e continuam até o presente momento e favoreceram a recuperação das lavouras de verão e o plantio e o desenvolvimento da segunda safra, embora uma parte da segunda safra de milho foi plantada fora do período recomendado.
ARROZ
Segundo o DERAL/SEAB, a área plantada de sequeiro é de 10.837 hectares e a irrigada de 19.440 hectares, registrando recuos em relação a safra passada de 16% na de sequeiro 4% na irrigada. As previsões de produção são de 18.882 toneladas e de 133.112 toneladas, respectivamente, volumes 25% e 12 % menores do que os colhidos na safra anterior. O plantio do sequeiro foi encerrado na primeira quinzena de dezembro e o irrigado no final do segundo decêndio. A colheita já ocorreu em 92% da área de sequeiro e com produtividade de 1.737 kg/ha. Na área restante a cultura se encontra em frutificação (28%) e maturação (72%). Na irrigada 77% das lavouras já foram colhidas, com produtividade de 6.718 kg/ha. Nas demais lavouras 8% atravessam a fase de floração, 41% a de frutificação e 51% a de maturação.
Os produtores já comercializaram 9% da produção de sequeiro e 21% da irrigada.
Os preços médios recebidos pelos produtores foram levemente decrescentes de janeiro para fevereiro e crescentes em março, quando alcançou R$ 53,79 a saca do sequeiro e R$ 51,89 a saca do irrigado. No final de abril estes valores foram de R$ R$ 53,41 e R$ 51,00 a saca, respectivamente, mantendo-se em patamares superiores aos preços mínimos.
FEIJÃO 1ª, 2ª e 3ª SAFRAS
Segundo o DERAL/SEAB, na primeira safra, a área de 240.786 hectares e a produção de 409.701 toneladas são 12,0% e 24,0% maiores do que os números verificados na safra 2012/13, frustrada por adversidades climáticas. Os elevados preços recebidos pelos produtores na comercialização da safra 2012/13 motivaram a ampliação da área cultivada.
A colheita foi há dois meses e 91% da produção já foi vendida pelos produtores. Os preços recebidos retrocederam em janeiro e se recuperaram em fevereiro e março, quando a média foi de R$ 110,86 a saca do cor e R$ 141,19 a saca do preto. No final de abril estas médias ficaram em R$ 98,74 e R$ 134,49 a saca, respectivamente.
O mercado sinalizou a necessidade da intervenção do governo na compra do cor, para garantir aos produtores o recebimento do preço mínimo. A SUREG solicitou a alocação de recursos para a compra de 30 mil toneladas em fevereiro, mas o dinheiro não foi liberado pelo Ministério da Fazenda. Com o avanço da colheita da segunda safra o preço do feijão cores deve oscilar em torno ou abaixo do preço mínimo nas próximas semanas, sinalizando novamente a necessidade da intervenção do governo no mercado via PGPM.
Os números referentes a segunda safra apontam a área de 263.442 hectares, praticamente a mesma da safra 2013, e a previsão de produção de 473.817 toneladas será 40% maior do que a colhida no ano anterior, frustrada por adversidades climáticas, mas menor do que a inicialmente prevista. O plantio foi concluído em março e em 9% da área já ocorreu a colheita, com produtividade de 1.597 kg/ha. Nas demais, a cultura atravessa as fases de desenvolvimento vegetativo (1%), floração (11%), frutificação (47%) e maturação (41%). Apenas 4,1% da produção foram comercializadas pelos produtores.
Na terceira safra, denominada de inverno, a previsão de área e produção é de 6.207 hectares e 6.703 toneladas. A área fica praticamente igual a de 2013 e a estimativa de produção é 36% maior. O plantio já ocorreu em 66% da área e a cultura se encontra nas fases de germinação (44%), desenvolvimento vegetativo (18%), floração (8%) e frutificação (30%).
MILHO 1ª e 2ª SAFRAS
O DERAL estimou a área da primeira safra em 664.794 hectares, 24,0% menor do que aquela cultivada na safra anterior, e a produção em 5,006 milhões de toneladas, 25,0% inferior a colhida na safra 2012/13 e em parte afetada pelo clima quente e seco. A cultura, em função da expectativa de preços mais baixos devido ao excedente de oferta no mercado brasileiro, perdeu área para a soja, que tem maior liquidez e expectativa de preços mais remuneradores, e para o feijão.
A colheita foi efetuada em 93% da área e a produtividade média foi de 8.076 kg/ha. Na área restante toda a cultura se encontra na fase de maturação.
Os ataques de pragas e doenças foram considerados normais e não provocaram maior queda da produtividade.
A área estimada para o plantio da segunda safra é de 1,903 milhão de hectares, 12,0% menor do que aquela cultivada na safra anterior, e a previsão de produção soma 9,941 milhões de toneladas, 3% inferior a colhida em 2013. A queda da área cultivada se explica pela redução dos preços de mercado do milho no final do ano passado e pelos bons preços do trigo até o presente momento.
O plantio foi atrasado pela seca, se recuperou com a volta das chuvas e foi concluído no início de abril. Cabe ressaltar que a época ideal expirava em 20 de março. Em 26% das lavouras a cultura se encontra em desenvolvimento vegetativo, 42% em floração, 30% em frutificação e 2% em maturação.
Os produtores ainda não venderam 13% da produção da segunda safra de 2013.
Da primeira safra 2013/14 os produtores já venderam 40% da produção e 4% da segunda safra.
Os preços internos, que estavam em queda até o final do ano passado, se recuperaram neste ano, devido a redução da área plantada e dos problemas climáticos que afetaram o potencial produtivo da primeira e segunda safras. Também contribuíram para esta reação o desempenho das exportações em 2013 e o aumento na taxa de câmbio. No Paraná, em novembro, o preço médio recebido pelos produtores ficou em R$ 17,81 a saca, levemente acima da média de outubro de R$ 17,26 a saca. Nos meses seguintes os preços recebidos pelos produtores reagiram, chegando a R$ 18,62 a saca em dezembro, R$ 19,47 em janeiro, R$ 20,98 em fevereiro, R$ 23,29 em março e R$ 23,67 a saca no final de abril.
SOJA
A relação mais favorável dos preços da soja em relação ao milho induziu ao aumento de 5,0% na área plantada da leguminosa, para 4,913 milhões de hectares, segundo o DERAL/SEAB. A estimativa de produção de 14,508 milhões de toneladas é 8,0% inferior ao volume colhido em 2012/13 e embute uma perda de praticamente 2,0 milhões de toneladas devido as condições climáticas adversas (seca e temperaturas elevadas).
A colheita já ocorreu em 99% da área e registrou produtividade de 2.952 kg/ha. Na área restante a cultura se encontra em maturação.
Os produtores já venderam 53% da safra 2013/14.
O plantio da segunda safra de soja, apesar de não recomendada tecnicamente, será de 108.577 hectares e a estimativa de produção de 202.348 toneladas, números 34% e 55% maiores do que os verificados em 2013. O plantio foi concluído em março e em 1% da área já ocorreu a colheita, com produtividade de 1.820 kg/hectare. Nas demais áreas a cultura se encontra nas fases de desenvolvimento vegetativo (9%), 18% a de floração, 47% a de frutificação e em 26% a de maturação.
No mês de novembro o preço médio recebido pelos produtores ficou em R$ 66,03 a saca, levemente mais elevado do que a média de outubro de R$ 64,10 a saca. No mês de dezembro o preço médio permaneceu em R$ 66,73 a saca. A baixa disponibilidade do produto para entrega imediata, o aumento da taxa de câmbio, a leve recuperação das cotações internacionais e a firme demanda mundial explicaram esta situação. No entanto, em janeiro deste ano o preço médio recebido foi de R$ 61,18 a saca, em função da menor cotação internacional e dos prêmios também menores. Em fevereiro, março e abril, os efeitos do clima sobre a safra sul americana, a firme demanda internacional, principalmente da China, e a taxa de cambio deram novamente suporte para que o preço se recuperasse lentamente, atingindo as médias de R$ 62,03 e R$ 63,36 a saca em fevereiro e março, e R$ 63,96 a saca no final de abril.
CULTURAS DE INVERNO
O DERAL/SEAB também divulgou a segunda estimativa de área e produção para as culturas de inverno, bem como os percentuais de aumento ou redução comparativamente ao desempenho da safra 2013.
Aveia branca: 52.451 hectares (-15%) e 130.675 toneladas (41%)
Aveia preta: 142.830 hectares (-14%) e 195.447 toneladas (86%)
Canola: 9.274 hectares (-40%) e 15.591 toneladas (76%)
Centeio: 1.127 hectares (12%) e 2.433 toneladas (39%)
Cevada: 49.965 hectares (8%) e 204.780 toneladas (7%)
Trigo: 1.269.259 hectares (27%) e 3.801.118 toneladas (101%)
Triticale: 15.685 hectares (-7%) e 45.331 toneladas (22%)
O plantio da aveia branca ocorreu em 24% da área e a cultura atravessa as fases de germinação (63%) e desenvolvimento vegetativo (37%). Da aveia preta se verificou em 26% da área, onde a cultura atravessa as fases de germinação (62%) e desenvolvimento vegetativo (38%).
A canola perdeu área para o trigo e o plantio abrangeu 42% da área, onde a cultura se encontra em germinação (75%) e desenvolvimento vegetativo (25%).
O centeio e a cevada serão plantados mais tarde, a partir de maio.
O trigo foi semeado em 26% da área e a cultura atravessa as fases de germinação (41%) e desenvolvimento vegetativo (59%).
A semeadura do triticale ocorreu em 7% da área e 40% da cultura se encontra em germinação e 60% em desenvolvimento vegetativo.
As condições de clima neste mês de abril favoreceram as operações de plantio e o desenvolvimento das culturas de inverno.
Em 30 de abril de 2014.